Dias dos Pais

Escrito por Valter Junior.

Dia dos pais?

Dia dos pais e eu estava em uma igreja onde acontecia uma homenagem aos pais. Naquele momento me lembrava de meu pai e de minha filha que já não estão mais comigo. Pensei também em outros que estariam ali sentindo algo semelhante pela ausência do pai, avô, filho ou marido.

Quando dei por mim, estava orando e dizendo a Deus que Ele não devia ter criado o dia dos pais, pois tal data se tornava terrível para os que sentem falta dos pais ou filhos. Foi então que me lembrei de que não foi Deus que criou essa data comemorativa.

A Bíblia diz muito sobre os pais e os filhos, mas não define data para homenagearmos a ambos.

O amor que se expressa em datas especiais não se demonstra mesmo em menor intensidade nos demais dias. No dia dos pais, amor aos pais. Passado o dia dos pais, eles já tiveram a sua vez e nos concentramos na próxima data na qual dedicaremos nossa atenção a outra categoria de pessoas.

Talvez por isso Deus não tenha nos deixado a indicação de um dia para os pais, pois sabia que seriamos tentados a devotar excessiva atenção a eles nesse dia, deixando-os em um quase esquecimento nos demais.

E assim acontece invariavelmente, no dia dos pais eles recebem elogios demais e algumas críticas. Nos demais dias, críticas demais e bem poucos elogios.

Para os que não tem mais seus pais ou filhos, essa data é possível de ser vivida ao considerarmos o que já tivemos, o que ainda temos e o que teremos um dia com Cristo. Disso nos fala o que realmente Jesus nos convidou a celebrar: a ceia.

A ceia nos fala do que Ele fez, do que está fazendo e do que ainda fará. Agracia a todos indistintamente em todo tempo, estejam os que amamos conosco ou não.

Dessa forma, a ceia devia receber maior ênfase do que as datas comemorativas. A ceia, essa sim, foi instituída por Jesus.

Pedi então a Deus que me ajudasse a viver quantos dias dos pais eu ainda tiver, agradeci por Ele não ter criado essa data, mas ter nos deixado algo tão precioso e cheio de significado quanto a ceia, que pressupõe a comunhão entre os irmãos em todo o tempo, na alegria ou na tristeza, até que Ele venha.

E um dia estaremos com Ele juntos a mesa nos céus, usufruindo o que Ele nos disse, deveríamos começar aqui.

Deus assim seja propício a todos que se alegraram nesse dia dos pais e a todos que choraram. Que na ceia nos lembremos que breve Ele virá e então nossa celebração não mais terá fim.

O que escrevo faz parte de minha preocupação de que como igreja tenhamos com frequência preferido agir como se não houvesse dor e sofrimento entre nós. Nunca ouvi sequer uma palavra de carinho e consolo aos que em um dia, como o dos pais, choram em vez de sorrir. Consideremos uma circunstância sem negligenciarmos a outra: alegremo-nos com os que se alegram e choremos com os que choram.

Mas quem desejará isso?