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“Como consegui superar a perda total da visão aos vinte e dois anos, quando estava no auge da minha mocidade e vivia uma vida muito ativa?”

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Responder a esta pergunta é o meu objetivo.

A título de introdução, gostaria de salientar três pontos:

Primeiro, embora eu creia que pessoas portadoras de uma limitação visual como a minha venham identificar-se mais com o meu depoimento, sei que a solução que encontrei para superar este momento difícil da minha vida vale também para qualquer problema, inclusive aquele que você está enfrentando.

Em segundo lugar, você observará que eu, como cristão, tomo um livro, que para muitos é uma lenda, como referencial para interpretar as diferentes situações com que me deparei na vida. Alguns o acham ultrapassado, mas eu creio ser a palavra do Deus que criou o universo dirigida para a minha vida. Nesse livro, a Bíblia, eu encontro resposta às minhas dúvidas e discernimento para essas situações.

Em terceiro lugar, com este depoimento, eu gostaria de desfazer a impressão que muitos têm de que se pode identificar uma pessoa que segue a Cristo pelo fato de não passar por problemas. Creio que se pode identificar uma pessoa que segue a Jesus pela forma com que ela reage diante dos problemas; pois, por problemas todos nós passaremos. Disse Jesus: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. O próprio Cristo já nos alertava com relação a isso: “no mundo tereis tribulações”, mas o que determina a diferença é a presença de Jesus conosco, como disse o salmista no Salmo 23, tão conhecido: “Ainda que eu andasse no vale da sombra da morte não temeria mal algum, porque tu estás comigo”. Essa presença de Jesus conosco é o que nos torna capazes de superar quaisquer problemas.

Eu me propus a responder uma pergunta, e essa pergunta faz alusão à perda da visão, o que aconteceu em junho de 1990. Eu ainda estou cego, não porque Deus não tenha poder para curar, ou porque a manifestação milagrosa do poder de Deus tenha sido algo apenas para as páginas da Bíblia. Deus tem poder para curar, e eu sou testemunha disso. Deus já operou milagrosamente na minha vida várias vezes, e gostaria de citar duas.

A primeira aconteceu muito cedo. Quando nasci, não posso dizer que a vida exatamente sorriu para mim. Logo aos seis meses de idade, tive uma doença grave: paralisia infantil. Eu nasci em Minas Gerais, na pequena cidade de Santo Antônio do Monte. Houve um problema na época de vacinação: fui levado para ser vacinado, mas recebi uma vacina que não era contra a poliomielite, e em função disto, eu e muitas outras crianças apresentamos a paralisia infantil. Minha mãe ouviu do médico da cidade que eu não caminharia, e provavelmente ficaria para sempre em uma cadeira de rodas, uma vez que a perna esquerda foi totalmente atingida. Embora minha mãe tenha ouvido essa palavra do médico, ela conhecia uma palavra de esperança, que se encontra nas páginas da Bíblia, onde Deus diz “Eu sou o Senhor que te sara”. Confiando nesta palavra é que minha mãe orou durante um ano, como que num voto ao Senhor, pedindo a Ele que eu pudesse andar. Deus deu resposta à oração de minha mãe: com um ano e seis meses, exatamente, eu comecei a caminhar. A perna esquerda ficou com uma pequena seqüela - ela é um pouco mais fina que a direita -, talvez até para que ficasse por testemunho, para que todos pudessem ver que, graças a Deus, eu nunca precisei de uma cadeira de rodas.

Uma outra intervenção milagrosa de Deus na minha vida aconteceu aos treze anos de idade: eu tive meningite. Quando a doença começou, não sabíamos o que era. Começou com uma dor no pescoço, que aumentou, e estendeu-se pelo corpo. Sentindo uma dor de cabeça tremenda, durante cinco dias estive em vários consultórios e, por incrível que pareça, nenhum médico diagnosticou a meningite. Minha mãe estava em viagem para Brasília, à época, providenciando a nossa mudança de Belo Horizonte para Brasília . Por isso, meu pai foi quem me levou aos consultórios. Só ao final de cinco dias é que fui levado ao Pronto-socorro de Belo Horizonte; exatamente nesse dia, minha mãe retornou de viagem. Naquele pronto-socorro, finalmente diagnosticou-se a meningite, o que não é difícil de perceber numa pessoa, pois os sintomas são muito claros. Lembro-me de estar deitado em uma maca e ouvir o médico dizer para minha mãe: “- Minha senhora, este garoto veio muito tarde para cá; a doença já evoluiu muito! Quero dizer para a senhora que não temos responsabilidade se ele morrer”. Minha mãe perguntou quais eram as possibilidades de eu escapar, ao que respondeu que em cem casos como aquele, apenas um escapa, ou seja, a probabilidade de 1%. E minha mãe falou: “- mas neste 1% vai estar meu filho”. Dali, de noite, fui transferido para um hospital de referência de Belo Horizonte que tratava de meningite e outras doenças contagiosas. No outro dia cedo, acordei com minha mãe perguntado se eu queria tomar café. Qualquer movimento do pescoço geraria uma dor tremenda e tomar café não seria motivo bastante para enfrentar a dor. No entanto, eu virei o pescoço para olhar minha mãe e não senti dor alguma. Era algo surpreendente que eu sentasse na cama e não estivesse sentindo mais nenhuma dor. Em princípio, pensei que estivesse sob efeito de algum remédio aplicado através do soro. Falei: “- Poxa! Porque não me trouxeram logo para cá? Afinal, foram cinco dias de dor e cinco noites sem dormir!” A surpresa que foi minha, foi também de uma enfermeira que entrou no quarto, e, olhando para mim sentado, falou: “- Menino! Você está sentado nessa cama! Nós pensamos que você tivesse morrido ontem de noite!”. Eu perguntei: “– Mas, porque?” Ela respondeu: “- Porque ontem havia uns jovens ajoelhados em redor de sua cama, e nós pensamos que eles já estivessem rezando pela sua alma!”.

De fato, quem conhece a Palavra de Deus não irá rezar por uma alma, mas irá interceder por alguém que está doente e pedir ao Senhor que intervenha. E foi o que aconteceu! O remédio tinha vindo do céu, e é um remédio que está ao seu alcance, está ao alcance de qualquer pessoa que creia nesta palavra: “Eu sou o Senhor que te Sara”. Eu nem cheguei a conhecer os rapazes que se ajoelharam ali ao meu lado para pedir a Deus. Mas uma coisa eu sei: Deus me curou!

Agora, você deve estar pensando: “- estou vendo uma pessoa que é cega dizendo que Deus cura?”. De fato, espero que você entenda que Deus pode fazer tudo o que quer, mas nem sempre Ele faz algo que pode. Deus tem um plano na vida de cada um de nós, e muitas vezes nos perguntamos o “por quê?”, quando seria mais sensato perguntar “para quê?”, ou “com que propósito?” Uma vez que Deus tem o controle de todas as coisas, nada foge aos seus cuidados: Deus cuida de nós! No dia em que entreguei a minha vida para Jesus, entreguei nessa certeza.

De fato, a perda da visão me causou uma certa perplexidade no início, mas não me revoltei com Deus, nem entrei em depressão. Sei que a minha vida está guardada em Deus, Ele cuida de mim! Ele sabe exatamente tudo o que sofro por não enxergar. Ele tem a cura em suas mãos, e, como pai amoroso que é, se ele ainda não a realizou em mim, é porque Ele tem um propósito maior, que a minha mente não consegue entender totalmente, mas eu confio nEle. Ele sabe a dor que sinto.

Eu fiquei cego aos vinte e dois anos, quando tinha uma vida muito ativa. Eu estava no auge da minha mocidade, cursava uma faculdade, trabalhava, tinha muitas outras atividades, e tudo isso foi interrompido naquele momento. Entretanto, Deus não me abandonou e nem me abandonaria. Ele me sustentou para que eu pudesse superar esse momento da minha vida.

A causa da perda da visão foi uma hipertensão intracraniana que causou atrofia bilateral do nervo ótico. A medicina, até este momento, declara que eu não voltarei a enxergar. Ainda não há como fazer transplante de nervo ótico. Não há nada que a medicina possa fazer.

Uma vez conscientes disso, eu e minha mãe nos voltamos para Deus, crendo na Palavra que permanece: “Eu sou o Senhor que te sara”. No dia primeiro de julho, dia do meu aniversário, fiz uma oração singela a Deus. Pedi a Ele, de presente, que eu voltasse a enxergar ou então que me abrisse uma porta, me mostrasse um caminho para que pudesse ser útil, para que pudesse fazer o que eu mais gostava, que era anunciar a sua Palavra, a sua mensagem. E eu me questionava: “o que um cego poderia fazer para Deus?” Naquele dia nada aconteceu. Ao anoitecer, dormi pensando que, de repente, eu acordaria de manhã enxergando, tal como na cura da meningite. Só que Amanheceu, e tudo permanecia escuro. Mas a minha oração não ficou sem resposta, porque quando oramos, Deus responde.

De tarde, meu amigo Édio chegou em minha casa e perguntou: “- Valter, quer gravar um disco?” A pergunta dele não era sem causa, porque, antes de ficar cego, eu participava de um grupo chamado Nascente que se apresentava sempre ao ar livre. Por este motivo, eu tinha buscado, em Deus, letras com mensagens bem simples para que as pessoas entendessem a mensagem do Evangelho e já possuía algumas músicas prontas. Algumas pessoas, então, falaram comigo: “- Valter, por que você não grava um disco?” Porém, havia dois problemas: o preconceito de achar que quem grava um disco o faz por vaidade pessoal, para aparecer. E o outro: quando fiquei cego, fui aposentado por invalidez. Um aposentado pode até comprar um disco, mas gravar um disco não dá. Com relação ao preconceito, Deus trabalhou no meu coração e me mostrou que, se alguém grava por vaidade pessoal, isto não era um problema meu, e que Ele tinha realmente, um plano na minha vida neste caminho. Com relação ao dinheiro, o Édio trazia a resposta: havia uma quantia, depositada em minha conta, a qual considerávamos bastante para começar o trabalho de um disco, só que eu não sabia de onde tinha vindo. Logo depois, chegou um contracheque do INSS demonstrando que aquela quantia era proveniente de proventos atrasados da aposentadoria que foram depositados de uma única vez na minha conta. Ou seja, estava ali a resposta. Tínhamos a quantia necessária para começar o disco.

Muitas outras pessoas nos ajudaram, e este sonho, que surgiu com a perda da visão, se realizou. Hoje, já temos vários trabalhos gravados e experiência de alguns anos, graças a Deus.

Deus realizou maravilhas na minha vida. Muitas coisas boas aconteceram; voltei para a faculdade, terminei o curso de Direito, e só não estou advogando porque agora tenho uma causa melhor para advogar, que é anunciar esta mensagem do Reino de Deus. Depois que perdi a visão, Deus me deu uma esposa, que se chama Jane, e temos um casal de filhos. Realmente, muitas coisas boas aconteceram.

Gostaria de fixar três verdades práticas para sua vida:

A primeira é a seguinte: o Deus que nós servimos é o Deus do impossível, para quem o milagre é apenas mais uma possibilidade. Por isso, não importa qual é o problema que você está sofrendo, Deus realmente pode resolvê-lo.

Em segundo lugar, enquanto o milagre não acontece, enquanto o problema permanece, Deus quer atuar na sua vida, derramando sobre você a graça. A graça de Deus é algo que nos envolve de tal maneira, que nos torna capazes de reagir de forma diferente da que seria natural diante de circunstâncias adversas; isto porque a graça de Deus é algo sobrenatural. Por isso, você tem motivos para chorar, mas você às vezes sorri; você tem motivos para reclamar, e, no entanto, você louva a Deus; você tem motivos para, quem sabe, até blasfemar, mas você, ao invés disso, adora ao Senhor; você teria motivos para abandonar a leitura da Palavra, a oração, e a comunhão com os irmãos, e, no entanto, você mais cultiva a comunhão, mais lê a Palavra, mais ora, mais jejua. A graça de Deus será sobre a sua vida, sustentando e dando forças para superar quaisquer problemas, enquanto o milagre não acontece. E saiba que isso Deus já realizou em uma pessoa que você conhece bem pelas páginas da Bíblia, Paulo. Paulo tinha um “espinho na carne”. Devo entender que era um problema que lhe causava dor física. Por três vezes Paulo pede a Deus que tire esse “espinho”. E o que Deus lhe fala?: “Paulo, a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. No momento em que você está louvando a Deus, mesmo sofrendo o problema, o inimigo é terrivelmente envergonhado, porque, como aconteceu com Jó, o inimigo esperava que você caísse na fé, e, no entanto, você mais se fortalece na fé.

E o terceiro ponto é o seguinte: muitas vezes ficamos olhando as qualidades que temos para servir a Deus. Eu me perguntava o que um cego pode fazer para Deus. Hoje eu sei, um cego não pode fazer nada para Deus, mas Deus pode fazer maravilhas através de um cego, aliás através de qualquer pessoa que queira servi-lo, e que se coloque à disposição dEle. Isto porque o mais importante não é o vaso, mas o Deus que usa o vaso. Se necessário, Deus quebrará o vaso, o fará de novo, mas aí, sim, Ele vai encher este vaso até transbordar, e você será uma benção. Enfim, você pode dizer “tudo posso naquele que me fortalece”; você será sempre um vencedor; o milagre pode acontecer, Aleluia, como aconteceu comigo. Enquanto o milagre não acontece, a graça de Deus o sustenta, e Jesus é com você. Lembre do salmista: “ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte não temeria mal algum, porque tu estás comigo”. Não fique olhando para suas qualidades, olhe para Deus. Deus vai usar você e fazer com que perceba, em si mesmo, qualidades que nem imaginava que tinha.

Eu quero concluir dizendo que sei que Deus vai usar você e fazer maravilhas; e, quando isto acontecer, em nome de Jesus, dê glória ao Senhor! Não caia nessa de pensar que seja por sua causa; não dê lugar à soberba ou à altivez de coração.

Minha oração é que Deus o abençoe com graça e paz; que Deus complete em seu coração aquilo que essas palavras não podem fazer; que essa semente germine e cresça, e que você encontre, em Deus, a mesma alegria de viver que eu encontrei.