Um ano sem Glaucinha

Escrito por Valter Junior.

Um ano sem Glaucinha, minha florzinha amarela.

Um ano se passou e escrevi tanto sobre esse dia, mas termino por registrar aqui o meu quase silêncio em reverência ao que de tão sagrado se passou naquele 10 de junho de 2009. Foi um momento para a eternidade entre Glaucia e o Deus dela. Eles tinham uma relação que eu tive o privilégio de testemunhar. Essa relação não terminou, mas sim se tornou plena. Apenas agora não tenho mais como testemunhá-la.

Peço a Deus que conceda conforto e consolo a todos que por amor aceitaram sofrer conosco. Aceitaram chorar com os que choram. Peço a Deus misericórdia para os que desejaram fazer isso, mas não conseguiram.

Prossigo, como desde nossa despedida, preferindo o que ameniza a dor e evitando o que a aprofunda, sem no entanto chegar ao ponto de me envolver em uma fuga. A dor é uma realidade da qual não fujo, mas não a procuro. É mais fácil fugir da dor do que tratá-la. Fugir da dor não nos leva a extingui-la, pois ela mais cedo ou mais tarde nos encontrará e estaremos menos preparados que antes para lidar com ela. Buscar o que ameniza a dor sem se culpar pelo bem que isso faz é outro desafio.

Foi um ano em que chorei todos os dias, e consegui suportar tão somente porque Deus me fortaleceu e eu sabia que se Deus me fortalecesse, eu conseguiria.

Não espero dias sem lágrimas aqui. Em quase todos os dias desse tempo também sorri. Graças a Deus tudo se passou de forma pura, simples, sem medo, lutando contra a tentação de querer ser o que não sou ou demonstrar o que não sinto. Não temia a ira de Deus, mas sim a censura dos homens. Vejo que servir a Deus é ser livre para não ser. Não sou, mas dedico minha vida a anunciar aquele que diz: Eu sou o que sou.

Deus retribua e recompense a todos que Ele usou para nos ajudar nessa caminhada e por intermédio de quem se mostrou presente e tão real em nossas vidas.

A Deus minha especial gratidão pelo dia de hoje e por quantos mais Ele desejar me conceder, dando-me a oportunidade de cuidar da Jane, do Vitor e dos meus muitos irmãos e irmãs.

Deus me ajude a prosseguir confiando Nele, crendo em Sua Palavra e reconhecendo o milagre que Ele fez em mim ao me conceder uma nova vida em Cristo.

10 de junho de 2010