O espírito do natal e o Espírito Santo de Deus

Escrito por Valter Junior.

Alguns dirão que a comparação é  indevida  dada  a  distância imensa entre os dois. Alguém argumentará que  o  espírito  do natal sequer existe. De fato, para os cristãos  genuínos  não    faz  sentido  tal  distinção.  Mas  nem  todos  são  cristãos genuínos e nem todos são cristãos.
Por espírito do natal entendo o pensamento  predominante  e dominante nessa época. Forma de pensar  essa  que  influencia atitudes e modos de agir. Observar o que um  e  outro  motiva pode ilustrar melhor o que desejo.

O espírito  do  natal  impõe  que  estejamos  alegres, que passemos do pranto para o riso como que por magia, que nos alegremos mais do que seria razoável diante das  razões  para estar feliz. Tal forma de pensar não tolera a idéia de que o sofrimento acomete as pessoas mesmo nessa época, além do fato de que a memória do que não  mais existe nessa  data  é  algo difícil de se superar, senão pela fé em Deus e por sua graça.
Assim os que preferem não participar dos festejos não são bem compreendidos ou podem até mesmo serem julgados e condenados.  Até que se escreva uma  nova memória para substituir as atuais ou antigas de dor, o coração  cobrará aquilo do  que sente falta.
O Espírito Santo de Deus é o único que produz em nós genuína alegria, fruto de Sua presença. Nos leva a buscarmos nos alegrar com os que se alegram e  chorar com os que choram, sem querer tornar  os  alegres  mais  alegres  e  sem    querer desvalorizar o motivo do pranto daqueles  que  choram.
Nos leva a liberdade para sorrir e chorar  em uma  época  que    nos lembra do júbilo dos anjos  e  do  pranto  das  mães  dos pequeninos  mortos  por  Herodes.   Duas    realidades    tão     antagônicas e ao  mesmo  tempo  presentes    na  história  do nascimento de Cristo.
O espírito  do  natal  nos  impõe  a  obrigação  pessoal  e intransferível de presentear.  Mas  não  de  qualquer  forma.
Precisamos presentear e com o valor do presente  indicar    o valor das pessoas presenteadas. O constrangimento é tanto que muitas  vezes  preferimos  dar  algo  que  nos    cause    um    endividamento por sabermos que  o  presente  será    dado  em público, mas a dívida do financiamento para  adquirir  o  bem
seguirá em privado.

O Espírito Santo de Deus só de habitar em nós já  demonstra o quanto somos valiosos para Ele. Não sugere a ideia  de  dar ou se dar senão por amor. Presentes, se houver,  serão sempre símbolos de algo que não se pode materializar. Quando  alguém nos ama,  seja  o  que  der,  virá  carregado  do  seu  amor.
Entendemos que melhor é dar que receber,  que  se  sacrificar pelo outro, apesar da dor que  isso  envolve,  vale  a  pena.
Reconhecemos o real valor que as coisas tem, o que  se  torna possível de forma mais clara  ao percebermos o valor  que  as pessoas tem. Assim, nos sentimos impulsionados a nos darmos a nós mesmos em vez de darmos algo.
O espírito do natal impõe uma trégua nos conflitos. Hasteia uma bandeira branca  e  determina  que  todos  esqueçam  suas intrigas e rusgas  e  bebam  e  comam  juntos.Seus    filmes, músicas e histórias reforçam isso. Com auxílio  da  bebida  e    comida, todos mergulham nessa realidade só possível graças  a
um acordo coletivo, consciente ou  não, para a paz, o amor  e a esperança. Apenas no entanto por algumas horas. Mesmo antes
do ano novo a bandeira branca é recolhida e seguem a  vida  e  os conflitos  de onde pararam antes do natal.
O Espírito Santo de Deus transforma  de  dentro  pra  fora. Gera em nós uma mudança que pode ser percebida pela  presença da paz, alegria, fé,  longanimidade,  benignidade,    domínio  próprio e temperança. Algo pra agora com vistas a  eternidade com Cristo.Pra quem acha que a fé é uma fuga, pelo contrário.
Na época do natal e  em  todo  o    tempo  trataremos  nossos conflitos, buscaremos o perdão e a reconciliação, motivo pelo qual Cristo veio ao mundo, para reconciliar-nos com  Deus.  A bebida e a comida  serão acessórios, pois um pedaço de pão  e   um cálice do suco da uva já traduziria tanto.
Muito  poderia  ainda  dizer,  mas  cito  apenas  mais   um personagem.
O espírito do natal quase se personifica na figura do papai noel. Inofensivo para os adultos, poderoso sobre as crianças. Imagine o que pensará uma criança que  nunca viu Jesus ao ver o papai noel descendo do céu em um helicóptero? Você  dirá  a  ela que ele não existe? Que ele não veio do céu? Diga e gaste
o tempo que for  necessário para que ela entenda que tudo foi encenação, mas que o que ela não viu, Jesus nascendo, é real.
Nós como igreja estamos sendo mais influenciados  por  qual espírito? Temos tido a coragem  e  determinação  de  falar  a verdade sob pena de sermos alvos da ira do Deus   moderno  do   "politicamente correto"? Temos contado e cantado  a  história    de Cristo mais a nós mesmos a  cada  dezembro  ou  temos  nos
mobilizado para levar essa mensagem  a quem não a conhece  ou   a conhece de forma deturpada?
Resista a tentação de  desqualificar  as  indagações  desse texto ao considerar a história de  vida  de  seu  autor.  Uma    verdade será sempre verdade mesmo sendo eu que  a diga.
Que o senhor nos ajude, Seu Espírito nos conduza e que você tenha abençoadas celebrações nesses últimos dias de 2010.

P S: Eu e meus textos desagradáveis... Abre o olho igreja!